Era uma vez, num lugar distante, um reino todo feito de cristal. Castelos brilhavam como diamantes sob o sol, e as flores, mesmo delicadas, pareciam joias preciosas espalhadas pelos campos. Esse lugar encantado era chamado de Reino de Cristal, onde tudo era transparente e luminoso — mas também frágil.
No coração do reino vivia a jovem Princesa Valente, conhecida por sua coragem e bondade. Diferente de outras princesas, Valente não passava os dias em salões dourados ou cercada de luxo. Ela amava explorar os campos de cristal, conversar com os habitantes e, acima de tudo, proteger o reino com toda sua força.
Mas havia um problema. O Reino de Cristal era ameaçado por uma criatura terrível, chamada Sombra de Vidro. Essa criatura, feita de um vidro escuro e opaco, tinha o poder de transformar tudo o que tocava em pedaços quebrados. Diziam que a Sombra era a encarnação de todas as emoções tristes e medos do reino. Quanto mais as pessoas sentiam medo, mais forte ela ficava.
Certa manhã, enquanto o sol iluminava o castelo, um som alto ecoou pelos campos. Era um rugido ameaçador. A Sombra de Vidro havia se aproximado dos limites do reino e começado a destruir tudo o que via. Os habitantes correram para suas casas, temendo o pior.
“Eu preciso fazer algo”, pensou a Princesa Valente. “Não posso deixar o meu povo sofrer.”
Ela foi até o porão secreto do castelo, onde estava guardado um artefato mágico: o Escudo de Luz. Diziam que ele era a única coisa capaz de enfrentar a Sombra de Vidro, pois refletia as emoções boas e as tornava mais fortes. Mas o escudo tinha uma condição: para funcionar, quem o usasse precisava enfrentar seus maiores medos.
Valente pegou o escudo com cuidado e olhou para ele. “Estou pronta”, murmurou, sentindo seu coração bater acelerado.
Ela montou seu cavalo branco, Brilho, e cavalgou até a fronteira do reino. No caminho, as pessoas acenavam para ela com olhares esperançosos e sussurravam: “Nossa princesa vai nos salvar!”. Isso dava a Valente ainda mais força para seguir em frente.
Quando finalmente encontrou a Sombra de Vidro, percebeu o quanto ela era grande e assustadora. Seus olhos brilhavam como carvão em brasa, e cada movimento dela fazia o chão tremer.
“Quem ousa me enfrentar?”, rugiu a criatura, sua voz ecoando como vidro se partindo.
“Eu sou a Princesa Valente, e você não destruirá o meu reino!”, respondeu ela com firmeza.
A Sombra riu. “Você é corajosa, princesa, mas ninguém consegue me derrotar. O medo sempre vence.”
“Veremos”, disse Valente, levantando o Escudo de Luz. O escudo brilhou intensamente, iluminando tudo ao redor. Mas, para sua surpresa, a luz não afetou a Sombra. Em vez disso, a criatura cresceu ainda mais.
“O que está acontecendo?”, pensou Valente, confusa.
Foi então que ela percebeu algo importante: embora estivesse de pé diante da Sombra, ainda tinha medo dentro de si. Precisava enfrentá-lo primeiro.
Fechando os olhos, Valente lembrou-se de seus momentos mais difíceis. Pensou no medo de falhar, na dó que sentia pelos habitantes, e nas vezes em que se sentiu pequena diante de tantos desafios. Essas lembranças pareciam aumentar a força da Sombra. Mas então ela lembrou de algo ainda mais poderoso: o amor que sentia pelo seu povo, a esperança em seus corações e a alegria que compartilhavam em dias felizes.
“Eu não sou apenas medo”, disse ela, abrindo os olhos. “Eu sou coragem, amor e esperança.”
Com essas palavras, o Escudo de Luz brilhou ainda mais forte, refletindo todas as emoções boas de Valente. A luz atingiu a Sombra de Vidro, que começou a encolher. A criatura rugiu, tentando resistir, mas a força da luz era imbatível. Em poucos minutos, a Sombra desapareceu completamente, deixando apenas um brilho suave no ar.
Valente caiu de joelhos, exausta, mas feliz. O reino estava salvo. Os habitantes saíram de suas casas, celebrando e aplaudindo sua princesa. Eles aprenderam uma lição importante naquele dia: o medo pode ser forte, mas a coragem e o amor sempre triunfam.
De volta ao castelo, Valente guardou o Escudo de Luz em seu lugar secreto, sabendo que talvez precisasse dele novamente. Mas, por enquanto, o Reino de Cristal estava em paz, e a jovem princesa podia aproveitar o brilho do sol e o sorriso de seu povo.
E assim, no Reino de Cristal, todos viveram felizes, protegidos pela coragem de sua Princesa Valente.
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