Em uma floresta muito, muito distante, vivia um tigre chamado Tico. Tico não era um tigre comum. Ele tinha listras douradas que brilhavam sob o luar, como se fossem feitas de pura magia. Apesar de ser grande e forte, Tico era conhecido na floresta por sua bondade. Ele sempre ajudava os outros animais, fosse carregando frutas para os macacos ou ajudando os coelhos a encontrar seus filhotes perdidos.
Uma noite, enquanto todos os animais dormiam, Tico caminhava tranquilamente pela floresta. Ele adorava a noite, especialmente quando a lua estava cheia e iluminava tudo com sua luz prateada. Mas naquela noite, algo estava diferente. A lua, que sempre parecia tão brilhante e redonda, estava escondida por nós de nuvens escuras. O que era estranho, porque o céu estava claro e as estrelas brilhavam como nunca.
Tico sentiu algo no coração, como se a lua estivesse triste. Então, ele decidiu fazer algo que nunca tinha feito antes: falar com ela.
“Dona Lua,” disse Tico, olhando para o alto, “pode me ouvir? Por que está escondida?”
Para sua surpresa, uma voz suave e melodiosa respondeu. “Ah, Tico, eu o vejo todas as noites, sempre ajudando os outros. Mas hoje eu estou tão triste que não consigo brilhar.”
Tico ficou curioso e preocupado. “Mas por que está triste, Dona Lua? O que aconteceu?”
A lua suspirou, e um leve brilho atravessou as nuvens. “Meu colar de estrelas, que me ajuda a brilhar, foi roubado. Sem ele, sinto-me incompleta.”
O tigre imediatamente sentiu uma vontade enorme de ajudar. “Eu vou encontrar seu colar, Dona Lua. Não se preocupe! Onde foi que o viu pela última vez?”
“Estava sobre o Lago Cristalino, refletindo na água,” respondeu a lua. “Mas quando o sol nasceu, ele desapareceu.”
Tico não perdeu tempo. Ele correu até o Lago Cristalino, onde a água era tão clara que parecia um espelho. Chegando lá, encontrou seu amigo Gufo, o coruja, pousado em um galho baixo.
“Gufo, você viu algo estranho por aqui? Como o colar de estrelas da lua?”
Gufo piscou seus olhos grandes e respondeu: “Ah, Tico, eu vi algo brilhando ontem à noite. Mas não era aqui. Foi em direção às montanhas.”
Sem hesitar, Tico agradeceu ao amigo e partiu rumo às montanhas. A jornada era longa e cheia de desafios. Ele teve que atravessar riachos gelados, passar por caminhos estreitos e enfrentar ventos fortes. Mas nada disso o deteve. Ele sabia que a lua precisava dele.
Ao chegar ao pé da montanha mais alta, encontrou uma raposa chamada Lina. Lina era conhecida por ser astuta e sempre sabia das novidades da floresta.
“Lina, você viu algo brilhante por aqui?” perguntou Tico.
Lina sorriu. “Ah, Tico, ouvi falar de um velho corvo que coleciona coisas brilhantes. Ele vive no topo desta montanha. Talvez ele saiba algo sobre o colar da lua.”
Tico agradeceu e subiu a montanha, mesmo com suas patas escorregando nas pedras soltas. Finalmente, ao chegar ao topo, encontrou o corvo. Ele estava empoleirado em um galho alto, segurando algo que brilhava intensamente.
“Senhor Corvo,” chamou Tico, com sua voz amigável, “optei em nome da lua. Você está com o colar de estrelas dela?”
O corvo inclinou a cabeça, curioso. “Sim, encontrei este colar caído no Lago Cristalino. Mas gosto tanto dele que não quero devolver.”
Tico suspirou. Ele sabia que não poderia simplesmente tomar o colar à força. “Senhor Corvo, entendo que goste do colar. Ele é realmente lindo. Mas pertence à lua, e ela precisa dele para iluminar as noites. Imagine como seria a floresta sem sua luz.”
O corvo pensou por um momento. “Hmmm… Você tem razão, Tico. A lua é importante para todos nós. Vou devolver o colar. Mas antes, conte-me uma história para que eu me lembre da importância de compartilhar.”
Tico sorriu. Ele adorava contar histórias. Sentou-se e começou a narrar uma história sobre como todos os animais da floresta trabalharam juntos para salvar um grande carvalho de um incêndio. Ele explicou como a união e o compartilhamento tornaram tudo possível.
Quando terminou, o corvo ficou emocionado. “Você é um tigre especial, Tico. Aqui está o colar. Leve-o para a lua.”
Tico agradeceu e desceu a montanha com cuidado, segurando o colar com delicadeza em sua boca. Ao voltar ao Lago Cristalino, olhou para o céu e chamou pela lua.
“Dona Lua, consegui! Aqui está seu colar!”
As nuvens se afastaram, e a lua apareceu, brilhando intensamente. “Oh, Tico, você é um verdadeiro amigo. Muito obrigado!”
Tico colocou o colar sobre a água, e ele flutuou até o céu, envolvendo a lua com um brilho ainda mais forte. A luz voltou à floresta, e todos os animais saíram de seus esconderijos para admirar a lua cheia mais bonita que já tinham visto.
Desde aquele dia, a lua e Tico se tornaram grandes amigos. Todas as noites, quando a lua brilhava, ela iluminava um caminho especial para Tico, para mostrar sua gratidão. E Tico, com sua bondade e coragem, continuou a ser o herói da floresta, sempre pronto para ajudar quem precisasse.
E assim, a história do Tigre Amigo e da Lua se tornou uma lenda, passada de geração em geração, ensinando a todos o valor da amizade, da generosidade e da luz que cada um de nós pode trazer ao mundo.
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